sábado, 24 de agosto de 2013

Poema Sem Título

Sem nome, sem vida
Minha identificação é nada
O desconhecimento se firma
E minhas rimas jamais serão lembradas

Outro dia viraram uma página
Recebi um elogio e me passaram
Nunca senti a dor de uma virada
E dói, dói no coração

No índice causo estranheza
O tempo transcorre e transcorre
Morrerei sem deixar certeza
Nem mensagem que o tempo percorre

Minha folha envelhece
Minha letra desaparece
Tudo apodrece,
e depois falece

Ah, meus irmãos nomeados
Por uma ponta de criatividade
Vocês hoje estão salvos
No livro ou na rede, eternizados

Posso parafrasear
Posso ser transcrito
Mas ninguém vai associar
Triste vida de um esquecido

Meu autor era um incompetente
Uma pessoa descontente
Não usava pontos
Muito menos períodos longos

Meu papel era vagabundo
Meus irmãos eram melhores
Eu vivia sempre imundo
Não ter nome deixa as coisas piores

Nunca disse nada com nada
Não falei de amor ou de sentimento
Fui feito para passar o tempo
Pode ir lendo, uma hora acaba

Quando meu autor viu que eram quase duas
Tentou pensar na última estrofe
Acabarei sendo encerrado de forma crua
Mas esperando que alguém goste.