domingo, 10 de novembro de 2013

Bifurcação

São bifurcações. Todas sem sinalização ou qualquer tipo de informação. São só bifurcações. Metade delas te trás para o ponto em que partiu. Metade delas te leva para um avanço impensado, mas com bifurcações. Elas em sua totalidade são um ciclo. Não há certo ou errado. Há somente desejo, não delas. Há vontade, não delas. Há tudo o que se possa imaginar, mas nada provém delas. Mas por mais difíceis e confusas, não vistes seu primo, o trevo. O trevo da sorte, do azar... O trevo verde, o trevo vermelho... O trevo que nos atrevemos a contestar. Vida de trevo, esse não volta ao ponto de partida. Pois tudo é fruto da bifurcação. Para existir o trevo, há de ter bifurcação.

domingo, 27 de outubro de 2013

Não é Nada

Não é nada, não é nada
Não é nada, mas é tudo
Não é nada, foste marcada
Não é nada; te seguro.

Não é nada, mas foi
Não é nada, só muro
Não é nada, diga "Oi"
Não é nada, só algo imundo

Nada é; deixe ser
Nada é como pensar
Nada é como andar
Tudo foi viver

Risos que contemplo
Abraços que acalento
Nó sem remendo
Não é nada, deixe o tempo

domingo, 20 de outubro de 2013

Charlotte

Penso em ti
Olhei a janela
Queria sorrir
Mas a tristeza vem dela

Não queria estar baixo
Mas estou alto
Entendedor calado
Está tudo guardado

Mendigo que vaga
Alcoólatra da vida
Quer só mais uma baga
E coçar a barriga.

Esmola preciosa
Pinga para alimentar
Mendiga estilosa,
Vem pro meu lar!

Puta da vida...
Da minha e da sua
Penso no dia
Em que não estarás nua.

Carros passam e buzinam
Olhas aflita
Como recriminam
A rotina da vida

Charlotte, querida
Táxi foi
Enquanto via,
Você nem disse "Oi"

Puta merda
Agradeci, não sei
Merda por merda,
Não rimou, eu sei.

Veja, Charlotte
O tempo passou
Foi-se o trote
E a ti, calou...

Luz de poste
Telefone da moda
Pose de quem pode
Alma antiga...

Já sorriu e gemeu.
O tempo diz:
O quanto mereceu
"Quem já foi feliz?"

Desconexo

Olhe a Lua
Penumbra a volta
O que farei agora?
Onde vives nua...?

Pelo braço apanhei
Nem moral, só fisicamente
Ao coro da multidão, clamei
Sou inocente, eternamente!

Bombas no campo
Armas carregadas
Nem Deus, só pranto
Almas agarradas...

Num futuro infinito
Só um Whisky, por favor
Um grito perdido...
Sem grito, mas com amor?

"Toda pureza da vida",
Dizia a voz
Com adrenalina
Rasante como Albatroz.

Essa voz do eterno
Sonhe com os anjos, amigo
Sei o que sente por dentro
Tanto a mim quanto o inimigo

Agressivo fostes
Comunista de foice
Dinheiro em caixa
À família vos trouxe

Desconexo no andar
Troque passos pelo além...
Não sei quem procurar
Ou você ou alguém

Poesia de ruim
Resumo-me
Como uma casa assim, assim
Vende-se!

Panfleto na porta
Desconexo assim
Alguém que goste
Quero só o fim

Criança de Deus
Enviado sagrado
Filhos como os Teus
Desconexo; atordoado

Ao acorde da manhã
Ao acorde da música
Não ficarei sã
Sapo e rã.

Seção de Terapia

Observo as pessoas
Analiso os meios.
Do mato à ave que voa
Com preceitos e defeitos.

Não resisti a tentação
Deitei, fechei e viajei
A mim mesmo contei a situação
Causei dúvida; estranhei

Letras, incenso e demais
Ao meu som eu vi...
Você chorar e eu sorrir,
Há mil anos no cais

Tempo escuro, embaçado
Frio, gélido e calado.
Outono no verão...
Doutor, lembrança que não foi em vão.

Que sofá confortável!
Bebo seu café
Seção interminável
Me irrito com seu "pois é..."

Psiquê de minha vida
Sossegue aí!
Linda seja minha querida;
Você não está mais ali.

Fluxo

Onde cego cegou por ver
Raiar, luz, raiar
Peças sobrepostas podem ceder
E num estalar, tudo acabar

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Desconstrução

Já vi mil coisas
Monstros, fantasmas
Observei as enigmáticas
Sonhei doideiras

Viajei muitas vezes
Cuspi na parede
Rasguei seus pertences;
Bola na rede

Tirei fotografias
Cantei para as andorinhas
Vi as atrofias
Das asas das pobrezinhas

Devagar, perigo!
Sinal amarelo, cuidado!
Verde, vá seguindo!
Vermelho, sangue esparramado

Nas solas o caminho
Desconstrução das trilhas
Bate, coração, sozinho
Sangue até nas isoladas ilhas...

Pensamento longe
Lágrima no rosto
Nunca chega o distante
O céu está roxo.

Gigante seja a vossa vontade
Que chega aqui e lá
Distâncias com mala...

Atirei, matei
Caiu aos poucos
Sorri, virei
Sumiram os outros

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Visão de Pé

Pés, chão, aguçados
Calçados, na pedra, no taco
Azulejo gelado para os descalços
Na terra, corre, brinca; cheia de machucado

Poeira, areia
Tudo enxergo
Barbatana, sereia
Não tem esse previlégio

Terremoto, tremidas
Sinto o primeiro sinal errado
Onda, água fria
Jamais conseguirei ficar equilibrado

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Pequeno Semblante

Seu semblante caído
Solidão, tristeza, dúvida
Deu um grito, mas não ouvido
Copo na mesa, volte a rubrica

Tanto foi o trabalho
Que foi dormir com a mão doendo
No frio pôs um agasalho
Dormiu quente, e não tremendo

O galo canta ao raiar
Levanta e a terra vai arar
A coruja canta o luar
Mais umas rubricas para finalizar

Seu semblante alto
Vistosa da cidade
Mulher linda de verdade
Seja de tênis ou de salto

O despertador canta às sete
Levanta e vai trabalhar
As buzinas infernizam às dezessete
Estressada, come e vai deitar

Estou só, mas rodeado
Estou rodeado, mas só
Sou do campo, da vida
Sou da cidade, iludida

Vejo Sol e Lua
Semblante de paz
Vejo prédio e rua
Semblante instável demais


Possui o semblante triste da solidão
Semblante da felicidade do coração
Um semblante indecifrável
Um semblante mutável
Um semblante que fala por mim
Um semblante que mudo assim
Um semblante sorridente pelo fim.

Num Lugar

Ao passar de cada segundo
Juntamente com seu próprio andar
No momento torna-se gigante o mundo
Para cima, miro... Tenho o viajar

Na correnteza, na maré
Sem limite de espaço, sem impedimento
Vou nadando, voando ou a pé
Num lugar onde não existe medição de tempo

Vejo as coisas mais lindas
Num lugar onde o infinito impera
Surrealismo. Vamos, imagina!

Não vi o crescer do lugar.
Um lugar sem dono...
O endereço vai te enganar
Pois nunca o lugar está pronto

Ao fechar dos portões a conexão.
Seja coberto ou não
No conforto da união
No conforto do colchão

No lugar onde capivara voa
Num lugar onde planta é pessoa
Onde te imaginar é uma coisa boa
Vago por aí à toa

Num lugar de controle
A não liberdade é liberdade
O controle é medição de vontade
Cada ação é um movimento
Num lugar onde a mudança é o pensamento.

sábado, 24 de agosto de 2013

Poema Sem Título

Sem nome, sem vida
Minha identificação é nada
O desconhecimento se firma
E minhas rimas jamais serão lembradas

Outro dia viraram uma página
Recebi um elogio e me passaram
Nunca senti a dor de uma virada
E dói, dói no coração

No índice causo estranheza
O tempo transcorre e transcorre
Morrerei sem deixar certeza
Nem mensagem que o tempo percorre

Minha folha envelhece
Minha letra desaparece
Tudo apodrece,
e depois falece

Ah, meus irmãos nomeados
Por uma ponta de criatividade
Vocês hoje estão salvos
No livro ou na rede, eternizados

Posso parafrasear
Posso ser transcrito
Mas ninguém vai associar
Triste vida de um esquecido

Meu autor era um incompetente
Uma pessoa descontente
Não usava pontos
Muito menos períodos longos

Meu papel era vagabundo
Meus irmãos eram melhores
Eu vivia sempre imundo
Não ter nome deixa as coisas piores

Nunca disse nada com nada
Não falei de amor ou de sentimento
Fui feito para passar o tempo
Pode ir lendo, uma hora acaba

Quando meu autor viu que eram quase duas
Tentou pensar na última estrofe
Acabarei sendo encerrado de forma crua
Mas esperando que alguém goste.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Os Sem Valor


Sem juízo ou jurisprudência
Carrega a ti um rotulo
Adquirido hoje e não na descendência
Pessoal de valor e não de produto.

Ao passo que retrocedes
Finge que antecedes
Que por tuas mãos não aconteces, ou não.
Fica estático, não cresces.

Pelo lado a espreita
Pelo lado os punhos que se fecham
À frente a mira da ignorância
Atrás, rastros... Das rasteiras e dos que no chão ficaram.

Como planta, cresce em grande numero.
Demora a chegar à maturidade
Os sem valor vivem sem mundo
Com o objetivo de derrubar toda a humanidade.